segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Famílias que terão suas casas desapropriadas por obras do Mundial ainda não sabem para onde ir



03/10/2010 - De Olho na Copa


Maior fonte de conflito está na área desapropriada para construção do VLT

Crédito: Divulgação - Metrofor

As diversas mudanças necessárias para melhorar a mobilidade urbana de Fortaleza acarretam uma discussão esperada na maioria das cidades-sedes para o Mundial de 2014: a remoção das famílias de seus locais de origem no decorrer das obras.

Em Fortaleza, para defender os interesses das comunidades que deverão ser afetadas com as desapropriações, cerca de 20 entidades se reuniram e formaram o 'Comitê Popular da Copa'. A experiência é baseada no Comitê Social que funcionou durante os Jogos Pan-Americanos 2007, no Rio de Janeiro. 

Segundo um dos membros, Pedro Costa Junior, a atuação do Comitê acontece com a ajuda de vários movimentos populares e estudantis através de audiências públicas e manifestações. "Por enquanto o clima mais tenso está nas comunidades que serão afetadas pela construção do Veículo Leve Sobre Trilhos -VLT", explica.

O Comitê defende através de um manifesto que "o entusiasmo e a escolha" de Fortaleza como cidade-sede do Mundial de 2014 "esconde as consequências que as obras necessárias para a Copa trarão para a população mais pobre". Outro trecho do manifesto diz ainda que "centenas de famílias já estão sendo removidas dos lugares onde nasceram, cresceram e trabalham para os limites de Fortaleza (...)", e que "os investimentos para a Copa do Mundo estão voltados a apenas uma parte da cidade". 

A comunidade Rio Pardo, que fica no bairro Papicu, por exemplo, vem denunciando que falta informação e diálogo com os poderes públicos sobre as obras para o Mundial. A comunidade fica em uma área onde deve ser instalado o VLT, um projeto que pretende levar os turistas do porto do Mucuripe para o Castelão durante o evento.

O problema é que as famílias temem serem removidas com indenizações injustas ou serem deslocadas para conjuntos habitacionais distantes e sem infra-estrutura. Terezinha Fernandes da Silva, que mora na comunidade Rio Pardo há 32 anos, diz que a população não quer sair do bairro porque foi lá onde eles construíram toda uma vida. "Para piorar a situação, ninguém fala nada, as pessoas estão se sentindo oprimidas, acuadas. Essa incerteza está matando a gente", desabafa.

Em nota, a assessoria de imprensa do Metrofor explica que "os imóveis situados às margens do Ramal do Mucuripe e que se encontram dentro da área de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe estão sendo marcados com o objetivo de cadastrar, numa etapa posterior, as famílias neles residentes".

A nota também diz que essa marcação também servirá para definir quantos imóveis serão desapropriados e para a elaboração dos laudos de avaliação dos mesmos. "A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos assegura que adotará o melhor critério para definir o preço justo dos imóveis atingidos a fim de minimizar os impactos sociais gerados com a implantação do sistema. O VLT Parangaba-Mucuripe deve começar a operar em 2012 e irá transportar por dia cerca de 100 mil passageiros", diz.

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